Você tem notado como os bebês reborn ganharam destaque na internet nos últimos dias? Esse fenômeno tem dividido opiniões: enquanto alguns veem a prática como algo estranho ou até “doentio”, outros defendem com convicção o valor emocional e afetivo que esses bonecos carregam.
Mas já parou para pensar o que leva um adulto a se dedicar a esses bonecos como se fossem filhos de verdade? A psicologia ajuda a entender esse comportamento, revelando as motivações por trás desse vínculo e os impactos emocionais que ele pode gerar na vida das chamadas “mães de reborn”.
O que são os bebês reborn?
Você já viu aqueles bonecos super realistas que se parecem muito com um bebê recém-nascido? Se sim, provavelmente deu de cara com um bebê reborn. Eles impressionam pelos detalhes: têm o peso parecido com o de um bebê de verdade, cabelos implantados fio a fio, veias pintadas à mão e até pequenas marquinhas na pele.
Enquanto algumas pessoas colecionam esses bonecos como peças artísticas, outras os tratam como filhos de verdade — com direito a roupinhas, mamadeiras e até certidão de nascimento simbólica.
Mas o que está por trás desse comportamento que tem chamado tanta atenção na internet? Para muitas pessoas, o bebê reborn é uma forma de lidar com sentimentos delicados, como a perda, a solidão ou até mesmo aquela vontade profunda de cuidar de alguém.
Quem são as mães de reborn?
O termo “mãe de reborn” costuma se referir a mulheres que desenvolvem laços afetivos com esses bonecos. Essa relação pode surgir por diferentes motivos, todos eles bastante pessoais:
- Luto: Mulheres que perderam filhos, seja por aborto espontâneo ou morte neonatal, podem encontrar consolo em um bebê reborn.
- Infertilidade: Aqueles que enfrentam dificuldades para engravidar podem ver nesses bonecos uma forma de expressar seu desejo de maternidade.
- Solidão: Pessoas que lidam com quadros de depressão ou ansiedade podem usar os bebês reborn como uma forma de preencher um vazio emocional.
- Colecionadoras: Algumas mulheres são atraídas pela arte hiper-realista e pela habilidade envolvida na criação desses bonecos.
A visão da psicologia: consolo ou fuga emocional?
Imagem: Agência Brasil
Se você conhece alguém — ou até mesmo é uma dessas pessoas — que tem bonecas reborn e cuida delas como se fossem bebês de verdade, saiba que a psicologia oferece caminhos para entender o impacto emocional dessa relação.
Em muitos casos, o bebê reborn funciona como um objeto transicional, conceito descrito pelo psicanalista Donald Winnicott. Esses objetos ajudam a processar emoções difíceis, funcionando como um apoio simbólico para quem está enfrentando dor emocional.
Por exemplo, uma mulher em luto pode encontrar no reborn uma maneira de manter viva a lembrança do filho e, ao mesmo tempo, elaborar a perda. O boneco se transforma em um canal para expressar sentimentos que, de outro modo, ficariam reprimidos.
Quando buscar ajuda psicológica?
Ter um bebê reborn não significa, por si só, que há algo errado. O mais importante é entender como essa experiência afeta sua vida. Quando o boneco funciona como um apoio momentâneo, ele pode até ter um valor terapêutico. Mas, se começa a substituir vínculos reais de forma constante, pode ser um sinal de que existem emoções não resolvidas que merecem atenção.
O alerta surge quando o apego ao boneco se transforma em uma forma de fuga da realidade ou em um isolamento do convívio com outras pessoas. Nesses casos, é essencial perceber quando uma relação que parecia inofensiva começa a se tornar uma dependência que impede você de seguir em frente.
Mais empatia, menos julgamento
Falar sobre bebês reborn exige sensibilidade. É fácil julgar sem conhecer, mas por trás desse vínculo pode existir uma dor profunda, um luto silencioso ou uma necessidade de acolhimento que o mundo muitas vezes ignora.
É fundamental ouvir essas histórias com empatia. Cada pessoa vive suas emoções de forma única, e o que pode parecer estranho para uns pode ser um alívio para outros. Em tempos em que a saúde mental está cada vez mais em pauta, oferecer apoio, respeito e compreensão pode fazer toda a diferença.
Se você ou alguém próximo encontra conforto em um bebê reborn, saiba que isso não é sinal de fraqueza. É apenas uma forma — entre tantas possíveis — de cuidar da própria dor. E quando for o momento certo, buscar ajuda profissional pode abrir caminhos para lidar com esses sentimentos de forma ainda mais leve e saudável.