Quem escreve com atenção já deve ter parado para pensar: será que o certo é vender ou venderem? Pode parecer só um detalhe, mas essa dúvida é uma das mais comuns do português escrito. E ela não está aí por acaso: as duas formas existem e são corretas, só que cada uma serve para um tipo de situação.
Quem já ficou inseguro ao revisar um texto ou enviar uma mensagem importante sabe bem o desconforto que esse tipo de dúvida causa. A boa notícia é que, a seguir você vai compreender melhor quando utilizar cada um e não vai errar mais.
Entendendo o que está em jogo: o infinitivo
O que significa “infinitivo”?
O infinitivo é a forma básica do verbo. Aquela que termina em -ar, -er ou -ir, como “vender”, “comer” e “partir”. Ele pode aparecer de duas maneiras: simples ou flexionado. A forma flexionada muda a terminação do verbo de acordo com quem faz a ação, como “venderem”, “comermos”, “partirem”.
Mas quando usar uma ou outra forma? O segredo está em identificar quem realiza a ação. Parece simples, mas é aí que muita gente se confunde.
Quando o infinitivo não é flexionado
Essa é a situação mais comum. Se o sujeito do infinitivo for o mesmo do verbo principal da frase, o infinitivo continua na forma simples, sem alteração. Veja alguns exemplos:
- “Eles querem vender a casa.”
- “Ela aprendeu a vender usando as redes sociais.”
Note que “eles” e “ela” são os mesmos sujeitos que vão realizar as ações de “vender”. Por isso, o verbo permanece na forma original.
Quando o infinitivo é flexionado
A flexão do infinitivo acontece quando o sujeito é diferente da oração principal. Nesse caso, o verbo precisa se ajustar para combinar com quem faz a ação. Veja este exemplo:
- “Não é correto eleitores venderem o voto.”
Aqui, “eleitores” é o sujeito do verbo “vender”. Como é diferente do sujeito principal da frase (“é correto”), o infinitivo precisa ser flexionado: “venderem”.
Outros exemplos corretos com infinitivo flexionado:
- “Não faz sentido os artistas venderem suas obras por tão pouco.”
- “É proibido os feirantes venderem produtos sem nota fiscal.”
Nessas situações, é a flexão do infinitivo que garante que a frase esteja clara e correta nesses casos.
Exemplos práticos que ajudam a fixar
Imagem: Canva
Para tornar mais fácil a identificação, é útil observar se o sujeito está explícito. Quando ele aparece logo antes do verbo, é sinal de que pode ser necessário flexionar. Veja as comparações:
- “Eles querem vender.” ✅
(Mesmo sujeito: infinitivo simples) - “Eles querem que os filhos venderem sozinhos.” ❌
(Errado: aqui caberia outra estrutura, como subjuntivo: “vendam sozinhos”) - “Não é comum as pessoas venderem isso.” ✅
(Sujeito diferente: infinitivo flexionado)
Parece uma regrinha complicada à primeira vista, mas tudo gira em torno da identificação do sujeito.
Por que essa dúvida é tão comum?
O professor Diogo Arrais, especialista em Língua Portuguesa, explica que essa é uma das perguntas mais frequentes que recebe. Isso acontece porque a regra é pouco abordada na escola e, quando é ensinada, costuma vir acompanhada de termos técnicos que dificultam a assimilação. A consequência? O uso do infinitivo flexionado se transforma em um obstáculo invisível.
Segundo ele, um bom caminho é lembrar sempre do sujeito da ação. Se o verbo tiver outro sujeito, flexione. Caso contrário, mantenha a forma simples. Parece técnico, mas com prática essa percepção se torna quase automática.
Dicas para não errar mais
Preste atenção ao sujeito
Antes de decidir se o verbo deve ou não ser flexionado, vale se perguntar: quem está fazendo a ação? Se for o mesmo sujeito da oração principal, mantenha o infinitivo simples. Se for outro, use a forma flexionada.
Evite complicações
Se ainda houver dúvida, uma boa estratégia é reescrever a frase com outra construção. Em vez de dizer “os alunos querem os professores explicarem melhor”, pode-se dizer “os alunos querem que os professores expliquem melhor”. A substituição por outro tempo verbal pode evitar o erro.
Não confie apenas no ouvido
Nem sempre o que “soa certo” está gramaticalmente correto. Muitas vezes, erros se popularizam tanto que passam despercebidos no dia a dia. Por isso, entender a regra por trás ajuda a manter o texto mais claro e profissional.
Para refletir e seguir escrevendo melhor
Mesmo quem tem facilidade com o português pode se deparar com essa dúvida. E não há problema nenhum nisso. O mais importante é estar disposto a revisar, corrigir e aprender aos poucos. A flexão do infinitivo, como tantas outras regras do idioma, não é um bicho de sete cabeças. Ela só exige atenção e prática.
Escrever bem não é sinônimo de decorar regras. É sobre ter sensibilidade com a língua e saber usar as ferramentas certas para cada contexto. Nesse processo, vale sempre questionar: quem está fazendo a ação nessa frase? A resposta para essa pergunta é o que vai guiar o uso de “vender” ou “venderem” e acabar de vez com a dúvida.
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