O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma nova decisão em 20 de fevereiro de 2025, alterando o panorama da segurança pública nos municípios brasileiros. A corte julgou constitucional a atribuição de funções de policiamento ostensivo e comunitário às guardas municipais, incluindo a realização de prisões em flagrante. Esta resolução põe fim a uma longa controvérsia sobre os limites de atuação desses agentes e abre novas possibilidades para a gestão da segurança nas cidades.
Contexto da decisão do STF
O julgamento do Recurso Extraordinário nº 608.588 pelo STF abordou a constitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 13.866/2004 do município de São Paulo. Esta lei concedia à Guarda Civil Metropolitana atribuições de proteção e repressão contra atos que ameaçassem o patrimônio, bens ou serviços municipais.
A relevância do tema levou o STF a reconhecê-lo como de Repercussão Geral, estendendo os efeitos da decisão a todos os municípios brasileiros. O objetivo central era esclarecer se as prefeituras poderiam legislar para conferir aos guardas municipais o poder de realizar policiamento ostensivo e comunitário.
Principais pontos da decisão
O STF determinou que:
- Os municípios podem atribuir às guardas municipais a realização de ações de segurança urbana, incluindo policiamento ostensivo e comunitário.
- Essas funções devem respeitar as atribuições dos demais órgãos de segurança pública previstos no artigo 144 da Constituição Federal.
- As guardas municipais não podem exercer atividades de polícia judiciária.
- As guardas municipais estão sujeitas ao controle externo do Ministério Público, conforme o artigo 129, inciso VII, da Constituição Federal.
- As leis municipais que regulamentam as guardas devem seguir as normas gerais estabelecidas pelo Congresso Nacional, de acordo com o artigo 144, § 8º, da Constituição.
Implicações práticas da decisão
A decisão do STF tem diversas implicações práticas para a segurança pública municipal:
- Legalidade das prisões em flagrante: A decisão encerra a discussão sobre a legalidade das prisões em flagrante realizadas por guardas municipais.
- Abordagens veiculares e pessoais: As abordagens feitas por guardas municipais ganham respaldo legal.
- Definição de limites: A decisão estabelece os limites da atuação dos guardas municipais na segurança pública.
- Impacto na gestão municipal: Os gestores municipais terão que adaptar suas políticas de segurança à nova realidade.
- Potencial criação de novos cargos: Municípios podem optar por criar ou expandir suas guardas municipais em detrimento de solicitar mais policiais militares.
Aspectos legais e constitucionais
A decisão do STF levanta questões importantes sobre a constitucionalidade e os limites legais da atuação das guardas municipais:
- Respeito às atribuições constitucionais: As guardas municipais devem atuar sem invadir as competências de outros órgãos de segurança pública.
- Controle externo: O Ministério Público terá papel fundamental no controle da atuação das guardas municipais.
- Normas gerais do Congresso: As leis municipais sobre guardas devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo legislativo federal.
- Limites da atuação: As guardas não podem exercer funções de polícia judiciária.
- Adequação das leis municipais: Os municípios precisarão revisar suas legislações para se adequar à decisão do STF.
Impacto nas políticas de segurança pública
A decisão do STF pode influenciar as políticas de segurança pública:
- Descentralização: Maior autonomia dos municípios na gestão da segurança pública.
- Proximidade com a comunidade: Guardas municipais podem desenvolver estratégias mais próximas às realidades locais.
- Prevenção do crime: Foco em ações preventivas e de policiamento comunitário.
- Integração de políticas: Possibilidade de integrar segurança pública com outras políticas municipais.
- Investimento em formação: Necessidade de capacitação específica para os guardas municipais.
Desafios operacionais
A implementação da decisão do STF apresenta desafios operacionais:
- Treinamento adequado: Guardas municipais precisarão de capacitação para as novas atribuições.
- Equipamentos: Necessidade de investimento em equipamentos apropriados para as novas funções.
- Protocolos de atuação: Desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão.
- Integração com outros órgãos: Estabelecimento de canais de comunicação e cooperação com polícias estaduais e federal.
- Gestão de informações: Criação de sistemas de registro e análise de ocorrências.
Perspectivas futuras
A decisão do STF abre novas perspectivas para a segurança pública municipal:
- Evolução do papel das guardas: Possível ampliação gradual das atribuições das guardas municipais.
- Modelos inovadores: Desenvolvimento de abordagens inovadoras de policiamento comunitário.
- Parcerias público-privadas: Possibilidade de colaboração com o setor privado em iniciativas de segurança.
- Tecnologia e segurança: Maior integração de soluções tecnológicas no trabalho das guardas municipais.
- Avaliação de impacto: Necessidade de estudos para medir a efetividade das novas atribuições das guardas.
À medida que as cidades brasileiras começam a implementar essas mudanças, será fundamental monitorar de perto os resultados e ajustar as estratégias conforme necessário para garantir uma segurança pública eficaz e respeitosa dos direitos dos cidadãos.